criei uma newsletter. você assinou. vai chegar no seu melhor e-mail, mas não sei quando. contra as melhores práticas dos piores gurus, não tem periodicidade. é tipo carta. carta você não sabe quando vai chegar. não sabe se vai chegar. não sabe se. a carta, antes de chegar, nem existe. justamente porque você não sabe. só existe no mundo o que a gente sabe, já diria o platão. só que com outras palavras, na newsletter dele.
criei uma newsletter. você assinou. chegou no seu melhor e-mail. você nem sabia, mas agora sabe. e aí, a newsletter existe. você é meu amigo. desde 2001, quando a gente morava num prédio caindo aos pedaços em que tinha ratazana morando na salinha que abrigava o quadro de luz. desde 2008, quando a gente morava na comunidade de novela das seis no orkut. desde 2010, quando a gente mentia que morava no colégio, mas na verdade morava na matinê do cinema porque a meia-entrada era dois reais. desde 2013, quando a gente morava no centro acadêmico. desde 2015, quando a gente morava na áfrica. desde 2017, quando a gente morava num sonho. desde 2019, quando a gente morava no hospício. desde 2020, quando a gente, mais do que nunca, morava. desde 2024, quando me mudei para uma newsletter e, te sabendo vampiro, falei: “pode entrar”.
criei uma newsletter. você assinou. chegou no seu melhor e-mail. você nem sabia, mas agora sabe. e aí, a newsletter existe. você é meu amigo. por isso, quer me apoiar. você abriu, mas nossa, quem é que abre e-mail hoje em dia? pois saiba que 52% dos brasileiros passam, em média, uma hora por dia abrindo e-mails. vi no linkedin. quem postou foi um dos piores gurus. pense que são 365 horas abrindo e-mail por ano. às vezes, 366. pense que são 25.567 horas abrindo e-mail na vida. às vezes, você morre antes. isso não se vê no linkedin. até porque, os piores gurus não pensam na morte, porque sabem que quem é pior não morre nunca.
criei uma newsletter. você assinou. chegou no seu melhor e-mail. você nem sabia, mas agora sabe. e aí, a newsletter existe. você é meu amigo. por isso, quer me apoiar. você abriu. fez leitura dinâmica, mas nossa, quem é que faz leitura dinâmica hoje em dia? eu. mas nossa, quem é que faz leitura? você. por isso somos amigos desde.
criei uma newsletter. você assinou. chegou no seu melhor e-mail. você nem sabia, mas agora sabe. e aí, a newsletter existe. você é meu amigo. por isso, quer me apoiar. você abriu. fez leitura dinâmica. mandou mensagem: “amiga, você escreve bem”. eu ri. eu agradeci. eu discordei. não acho que escrevo bem. tem dias em que nem acho que escrevo. tem dias em que nem acho. tem dias. talvez ninguém escreva. talvez ninguém escreva mais. talvez ninguém escreva bem, nem mal. talvez todo mundo só escreva.
criei uma newsletter. você assinou. chegou no seu melhor e-mail. você nem sabia, mas agora sabe. e aí, a newsletter existe. você é meu amigo. por isso, quer me apoiar. você abriu. fez leitura dinâmica. mandou mensagem: “amiga, você escreve bem”. eu ri. eu agradeci. eu continuei escrevendo, sem periodicidade. escrevi como se fosse carta. escrevi como se fosse platônico. escrevi como se fosse criança. escrevi como se fosse novela. escrevi como se fosse cinema. escrevi como se fosse aula. escrevi como se fosse maputo. escrevi como se fosse um sonho. escrevi como se fosse louca. escrevi como se fosse quarentena. escrevi como quem bebe sangue. escrevi como se alguém ainda lesse. escrevi como se alguém ainda escrevesse. escrevi como se fosse alguém.
criei uma newsletter. você assinou. chegou no seu melhor e-mail. você nem sabia, mas agora sabe. e aí, a newsletter existe. você é meu amigo. por isso, quer me apoiar. você abriu. fez leitura dinâmica. mandou mensagem: “amiga, você escreve bem”. eu ri. eu agradeci. eu continuei escrevendo. chegou no seu melhor e-mail. você nem sabia, mas agora sabe. e aí, a newsletter existe. você é meu amigo. por isso, quer me apoiar. você nem sabia, mas agora sabe, que perde uma hora lendo newsletters dos seus outros amigos. só existe no mundo o que a gente sabe, diria o platão, se você abrisse a newsletter dele. você nem sabia, mas agora sabe, que perde uma hora. a hora, portanto, existe. a hora, portanto, importa. até os piores gurus, que não pensam na morte, pensam na hora. você excluiu seu endereço de e-mail. fechou o notebook e abriu a janela. atirou o computador na rua. gritou algo ininteligível. correu para fora. saiu da caverna. ninguém sabe do seu paradeiro. como desaparecido, você não pode estar morto. embora seja um dos melhores, não morre nunca. ninguém sabe do seu paradeiro. ninguém sabe de você. você não existe. você está livre.